A maioria dos livros de auto-ajuda apresenta como fórmula mágica algum tipo de projeção de futuro pessoal através da criação de metas individuais. E como passo seguinte estimula o leitor a dar foco para a conquista e na conquista dos objetivos definidos.
A mecânica em si é básica para o ser humano e sua sobrevivência. É no fundo a essência primária da prática de obrigações rotineiras. Muitos precisam ser lembrados disso. Porém é a simplicidade levada a extremo.
Esses livros tem o efeito de despertar consciências. Dão umas sacudidas no sujeito. Fazem-no acordar, se aprumar, gerar um mínimo de disposição interna para agir - ir para a luta e conquistar o seu futuro. O mesmo acontece nas palestras como desdobramentos desses temas.
Qualquer discurso - seja oral ou escrito - para ser levado a sério, terá que conter em seu bojo algumas verdades. E para gerar entusiasmo, essas verdades devem atrelar histórias e ilustrações, que sejam estruturas práticas que se contextualizam com a experiência de quem está a ler ou a ouvir.
Essa força associativa de idéias e aprendizagem pode até dar uma faísca inicial para o fogo, mas não é o seu combustível. A sua superficialidade pode ser nociva e desanimadora, pois traz angústia para quem ouve o barulho da ignição e percebe que o motor não gira.
A bandeira da motivação
O que está sendo feito de errado nessas iniciativas de auto-ajuda e palestras motivadoras é que se interrompe o filme logo após o seu início. Ou seja vende-se algumas árvores como se fossem a floresta inteira. E o verdadeiro quadro (por completo) fica de fora.
É comum se dizer: o buraco é mais embaixo. Uma ilustração adequada nessa histórinha é a do vazamento de água no radiador. Trabalha-se na tampa, quando a água vaza num furo mais embaixo - muitas vezes despercebido aos olhos atentos de quem abriu o capô e está pesquisando pelo alto. A expressão traz a preocupação de que ainda tem trabalho a ser feito. Quem parou onde parou, está correndo o risco de perder muito. É o dano causado pela superficialidade. Não se foi a fundo na verificação. Não houve dedicação e atenção completa e total para solucionar o caso do vazamento. E portanto corremos o risco de fundir o motor.
No caso do Fusquinha, a ilustração nem pega, pois diferente dos outros 'tomóvis' seu motor é refrigerado a ar. É coisa de alemão, e veio como inovação lá pela década de 1930. Essa contraposição ao motor refrigerado a água é descrita como uma grande vantagem por ter a rara capacidade de não dar problemas ao usuário.
Mas voltando à agua fria - ou ao motor aquecido - toda a vez que partimos para uma ação com o problema parcialmente entendido, maior são as chances de não chegarmos à sua solução.
Superficial versus Profundo
O que estou tentando pontuar aqui é que temos sido levados por um entusiasmo superficial quando se trata de melhorar a nossa vida. Somos no fundo presas fáceis nessa área de motivação pessoal, aprimoramento genérico, fortalecimento individual, transformação e crescimento profissional. Queremos ser melhores, mais fortes, mais inteligentes, mais competitivos. Assim sendo, conquistaremos o sucesso.
O grito que está preso na garganta de muitos é: CHEGA DE SUPERFICIALIDADE!
Creio que na área de vendas, esses problemas se tornam ainda mais agudos. Se o mercado é competitivo e não permite acomodação - e aí incluímos os profissionais que têm ganhos fixos assegurados, o que dizer então de quem é comissionado? Como fica a situação daqueles que são pagos mediante sucesso?
Está aí outra ilustração para 'o buraco é mais embaixo'. Imagine que um colega de trabalho, que não é vendedor, ao sair do trabalho pontualmente às 18 horas, vem com aquela conversinha para você se desligar de suas preocupações profissionais. Ele está com a vida ganha a cada dia que o apito toca no fim do expediente! Você só se garante no último minuto do segundo tempo, prorrogado - e olhe lá! Tem vezes que nem com tempo extra ... Para esses caras temos que responder: "O buraco é mais embaixo."
Convite final
Sabedor disso, e na prática um vendedor, quero juntar minha voz com a sua para juntos trilharmos o nosso caminho. Só que de maneira íntegra e permanente. Profunda e bem alicerçada. Vamos deixar de lado a enganação, a superficialidade e aqueles tapinhas hipócritas nas costas. Vamos arregaçar as mangas e partir para a luta.
No fundo, nós sabemos o segredo. Ele está escondido dentro de nós. Precisamos de coleguismo, parceria, a força do conjunto, uma certa colaboração. Vamos trocar experiências, compartilhar dicas e soluções. Vamos nos unir, vamos lutar. Vamos usar a cuca, o cérebro, a cabeça, o fosfato, a massa cinzenta. Vamos dar tratos à bola. Vamos nos aprofundar. Vamos ver o todo - a floresta verdadeira e real. Vamos descobrir os caminhos melhores e os melhores caminhos. Vamos dedicar um pouquinho por vez. Pode ser um pouquinho por semana, ou por dia. Mas vamos juntos pois muito podemos. A grande viagem começa com a primeira milha. Vamos para a estrada fazer poeira. Bem vindo a bordo.
Vamos pegar o fusquinha e seguir em frente em nossa luta diária.
Volney Faustini
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